sexta-feira, 24 de agosto de 2012
sábado, 11 de agosto de 2012
Douglas Rebelo - "CIA. FATOR DANÇA DE RUA DE CORPO E ALMA"
Douglas Rebelo - "CIA. FATOR DANÇA DE RUA
DE CORPO E ALMA"
Ele faz
aniversário neste mês de agosto e nos presenteia com esta entrevista fantástica
sobre sua história de amor a dança, a sua Cia. e a vida.
Falar do
Douglas Rebelo não é tarefa fácil, porque ele consegue ser simples e complexo.
Dono de um senso de humor contagiante, também é profundo amante da justiça e
luta pela valorização da dança a muitos anos.
Eu tive o
prazer de tê-lo como meu mestre na dança de rua e aprendi muito com ele, aliás,
aprendo até hoje. Muitos passaram pelas mãos desta figura singular no cenário
da dança de São Vicente. Ele batalhou junto com seus dançarinos do Fator para
dar mais visibilidade a modalidade fora dos domínios de nossa cidade.
Posso
dizer que me identifiquei e muito com as novidades (desconhecidas para mim)
impressas nesta matéria. E sei que muitos irão ter a mesma sensação de voltar
no tempo...
Um homem
com talento, determinação, espírito de liderança e completamente apaixonado por
sua arte e pela vida.
Conheçam
um pouco mais sobre Douglas Rebelo:
Dançarinos de SV: Quando
você percebeu o seu talento para a dança?
Douglas: Sempre
estive envolvido com arte desde criança, sempre fui muito ligado a tudo isso.
Quando pequeno desenhava muito, acho que como toda criança, mas me dedicava
horas criando personagens e histórias. Tive a oportunidade de exibir meus
desenhos em uma exposição no Teatro Municipal de Santos. Depois disso,
participei de diversas peças teatrais na escola, estudei violão, até o dia em
que assisti a um filme na sessão da tarde “BREAKDANCE” e foi paixão a primeira
vista. Dai então comecei a juntar discos, ”Bomb The Bass”, Tony Garcia, Funk
Brasil... “Hahaha”, organizar “bailinhos” e dai já viu, tudo fluiu.
Dançarinos de SV: Conte-nos um pouco sobre o cenário da dança na cidade quando você fazia
dublagens do Michael Jackson e como este processo influenciou na construção da
sua identidade artística?
Douglas: Tudo era
muito rudimentar. Roupas, acesso aos vídeo clips, edição de músicas... As
pessoas faziam porque gostavam de verdade. Mas foi uma época incrível em que
aprendi e descobri as formas de se fazer e não ficar esperando acontecer. Eu
editava as músicas em fita cassete, arrumava as apresentações, local pra
ensaiar. Tudo isso me deu o suporte necessário para eu me tornar um
profissional na dança. Quanto ao cenário da dança, era um processo em construção,
andamento. Não haviam escolas, oficinas, cers, associações que davam suporte a
dança de rua. Se você gostava disso, teria que se virar do seu jeito. Ensaiar
em algum quintal, achar um jeito de dançar na escola. Foi o início, e o início
é difícil em qualquer processo desconhecido pelas pessoas. Mas foi válido e
quem trabalhou com afinco conseguiu se estabelecer.
Dançarinos de SV: Como
ocorreu à transição para a dança de rua?
Douglas: Ensaiava
um grupo de 8 dançarinos e fazíamos diversas apresentações. Além de estar
sempre assistindo as poucas coisas que tínhamos sobre a dança de rua, também
estava praticando dança de rua em um novo projeto oferecido em Santos. Dentro
do projeto Carlitos, no Teatro Municipal de Santos, estava começando o curso
Dança de Rua do Mestre Marcelo Cirino. Lá tive aulas com ele, Ricardo Dias e
João Celso. Quando não estava nas aulas, ou nos ensaios do Michael Jackson Company
estava em algum “bailinho” dançando e organizando passinhos. Foi assim dos 14
aos 19 anos, quando trabalhava em uma escola de informática. Conheci uma aluna
chamada Rita, que praticava tudo o que era dança e me perguntou por que eu
não dava aulas também. E me levou até a
academia onde praticava “Studio Nem mais Nem menos” situado no centro de São
Vicente. Lá tive uma conversa com a diretora da escola e ela topou em uma aula
demonstrativa. Preparei-me e fui dar a aula, juntei as técnicas que havia
aprendido no curso Dança de Rua com as técnicas que desenvolvi ensaiando meu
grupo, preparei algumas músicas diferenciadas. Na primeira aula tinha 5 alunos,
na segunda 10 alunos, na terceira mais de 30. Tivemos que montar outra turma.
Eu não
sabia, mas tinha ali o início do meu trabalho de vida. O trabalho que amo
fazer.
Dançarinos de SV: De
dançarino a coreógrafo. Pode nos falar sobre o seu primeiro trabalho coreográfico?
E qual foi a emoção que sentiu ao ver seu primeiro trabalho no palco?
Douglas: O primeiro
trabalho foi muito legal, foi junto a essa academia onde comecei a dar aulas. Desde
o primeiro trabalho eu me preocupava com a ação temática da coreografia, provavelmente
influenciado pelos clips de M. Jackson, a coreografia era bem simples. Começava
com uma discussão em um telefone público, uma fila se formava a espera da vez e
dessa fila a coreografia começava, criando varias situações. Foi muito
emocionante. O mais engraçado é que a minha estréia como coreógrafo foi
exatamente no dia em que imitei o M. Jackson com o grupo pela última vez. No
mesmo espetáculo o meu grupo agora “The Jackson´s” apresentava no palco do
Teatro Municipal 3 performances. Foi muito bom, mas eu nem fazia idéia do que o
futuro me reservava e posso dizer que ele foi muito legal comigo. Mas eu
trabalhei por ele, criei meus caminhos, fiz escolhas e fiz renuncias. Foi assim
comigo e vai ser sempre assim com todos que tem uma meta clara e definida a ser
alcançada.
Dançarinos de SV: A Cia.
Fator tem 16 anos de existência e já passou por muitas etapas. Fale um pouco
sobre as principais mudanças que aconteceram na Cia. e por quê?
Douglas: O Fator
foi criado em 1996, de uma forma muito simples e sem grandes pretensões. Mas
logo eu vi que as pessoas que faziam parte do Fator estavam engajadas, acreditavam
no grupo e principalmente acreditavam em mim. E então me apropriei disso e
comecei a trabalhar duro. Em 1999 estreamos a coreografia “Os Federais” e então
a coisa começou a andar, ganhamos diversos prêmios e começamos a ter alguma
notoriedade no meio artístico. Era a primeira vez que um grupo de street
vicentino conquistava tantos prêmios nacionais e despontava em programas de tv.
Eu era chamado pra dar aulas em diversas academias e comecei a dividir o
trabalho com os integrantes do grupo, o que fez a cia. dar mais um salto de
profissionalismo. Em 2001 mais um grande salto, fui convidado a fazer parte da
equipe de coreografia do Espetáculo Encenação da Fundação da Vila de São
Vicente. Lá trabalhei com Maristela Sild onde aprendi muito mais sobre dança de
uma forma complexa e completa. Trabalhei com Amauri Alves que dirigiu o
espetáculo e mais tarde se tornaria meu mentor artístico. Foi ele que me
ensinou e mostrou que eu poderia fazer muito mais coisas com a dança do que
somente dar aulas e participar de festivais. Que eu poderia transformar a dança
de rua em um instrumento de trabalho sério e profissional. E eu não desperdicei
a chance.
Dançarinos de SV: Quais
foram as maiores dificuldades que você enfrentou durante este período?
Douglas: Acredito
que todas as dificuldades que enfrentei, todos os que venceram enfrentaram e os
que vão vir a vencer também enfrentarão. Local para trabalhar, figurinos, dinheiro
para inscrição em festivais, transporte, local para ensaio, etc... E ainda
enfrento algumas delas, não temos patrocínio para transporte e figurinos. Quando
queremos alguma coisa colocamos em ação nossa principal arte:a dança. Como
assim? Simples. Esse negócio de dançar para divulgar trabalho faz parte de um
começo que todos têm q passar, mas depois de algum tempo você tem que dar valor
ao que você faz. Trabalhamos para diversas empresas em shows corporativos,
dividimos o cachê e guardamos uma reserva para emergências. É assim que
funciona e é dessa forma que custeamos nossas produções. E também criamos
espetáculos que possam ser comercializados. Não adianta você ficar criando
coreografias só pra agradar aquele ou esse, você tem q pensar de forma
profissional. E ser profissional não é participar de qualquer festival nessa
categoria. Profissional é o que recebe pelo que faz.
Isso é que
aprendi com a vida, mas já tive que ensaiar no antigo coreto da Praça Barão ( hoje
não existe mais) e já ensaiamos no calçadão da praia. Já tirei dinheiro pessoal
pra custear figurino de quem não tinha, pagar ônibus.Tudo igual a todos que
entram pra dança.
Não existe
outra forma, conforme-se com isso e trabalhe duro.
Dançarinos de SV: Douglas, as aulas e oficinas de Dança de Rua, o que elas representam na sua
carreira?
Douglas: Amo dar aulas,
talvez essa seja a minha grande missão, ensinar, transmitir, aprender com eles.
Considero-me um dançarino médio, um coreógrafo razoável e um bom professor. Quanto
estou nas aulas, minha cabeça trabalha a mil. Estou a cerca de um ano e meio
desenvolvendo um trabalho em Praia Grande no “projeto conviver Guilhermina” com
uma turma da terceira idade. Que turma é aquela? “Hahaha”. Elas são joviais, dedicadas
e amam dançar. Amo cada uma delas e saio renovado de cada aula. Estive no “14º
Festival de Catanduva” em julho. Lá dei um workshop, em 3 horas produzimos
muito e criamos uma intervenção maluca pro festival, todos que participaram
saíram extasiados e eu mais ainda. Comecei as aulas 1995, mas em 1999 implantei
o curso na Secult de São Vicente, lá tive a oportunidade de ensinar muita gente,
fazer muitas amizades e formar muita gente. O elenco do Fator, e isso eu tenho
muito orgulho, foi formado em 100% por mim nas oficinas culturais. E, além
disso, consegui formar muitos profissionais que hoje estão no mercado de
trabalho.
Hoje não
atuo mais nas aulas das oficinas culturais, mas deixei alguém que superou todas
as minhas expectativas e meus números. Danilo César que começou nas oficinas em
2001 assumiu as oficinas em 2007 e criou mais 5 grupos que fazem parte da
família Fator.Temos também o Nilton Santos e Alabá Bispo a frente do Balé Afro
de São Vicente, Junior Teddy comandando a Academia de B.Boys e José Diógenes a
frente do curso de dança de salão. Sergio Thomaz com o grupo Little Face e
Bruno Moreira com a Cia. Nova Visão.
Feliz é
pouco pra descrever todas essas conquistas
Dançarinos de SV: Falando
um pouco mais sobre o Fator, conte-nos um pouco das apresentações, trabalhos e
sobre as principais conquistas da Cia.
Douglas: Foram
muitas conquistas, não sei exatamente o número, mas esta disponível no site do www.fatordancaderua.com. Mas destaco as que abriram portas para outros trabalhos. Até
porque aquele festival que só oferece um troféu e nada mais não tem valor
nenhum para mim. O Mapa Cultural Paulista é um desses eventos que eu tenho
orgulho de ter feito parte. Ele me motivou a crescer e estudar e depois de
participar de 3 edições e ser finalista nas 3 obtendo a 4 colocação estadual
muita coisa boa apareceu. Participamos do projeto Interior na Praia, Tendas de
Verão,Oficinas Assaoc, Virada Cultural entre outros tantos eventos
maravilhosos.
Hoje
fazemos muitas apresentações para empresas, agencias, programas de TV, também
participamos de eventos menores e com muito respeito.O mesmo profissionalismo
que exercemos em palco quando estamos frente a uma empresa como Nextel, Femsa,
etc. é o mesmo que de qualquer outro evento. Procuro hoje só fazer aquilo que
tenho vontade de fazer e que vai ser bom para a minha Cia. O fato de termos o “de
rua” em nossa nomenclatura não me obriga a dançar em qualquer lugar ou em
qualquer situação. Isso é respeito com as horas de ensaio que dedicamos, a
produção de nossas trilhas e nossos figurinos. Aprendi que para valorizarem meu
trabalho eu tinha que valorizar primeiro. Tem gente que acha é estrelismo ou
egocentrismo. Eu defino como respeito a todos que fazem parte do Fator.
Dançarinos de SV: E como
é a relação dança, trabalho e família?
Douglas: É excelente! Minha esposa dançou muitos anos no Fator, conhece a rotina e acima de tudo respeita o que eu faço. Atuo no Fator, Coreografo o Atitude na Melhor Idade, dou workshops, faço banca de júri em festivais e coordeno o projeto Oficinas Culturais de São Vicente. Meu trabalho é pura arte. A minha família é maravilhosa. Meus pais achavam minha escolha muito difícil no começo, mas nunca me colocaram barreiras apenas me aconselhavam sempre a ter outras opções. Formei-me em Processamento de Dados e a 5 anos atrás formei-me em Instrumentação. Cumpri minha parte com eles (risos). Meus avós por parte de mãe me deixavam usar o quintal da sua casa para ensaiarmos o meu primeiro grupo. Meus avós por parte de pai também achavam muito legal. Meu grande avô Antonio Rebelo, já falecido, curtia muito os shows na TV e sempre me contava histórias da sua mocidade onde ele dançava e tocava gaita. Até dei uma gaita pra ele e ele me mostrou que realmente manjava do assunto. Sempre dizia que havia puxado essa parte artística dele. E agora meu lindo filho Heitor Simão, está ai a 3 meses encantando minha vida. Assisto vídeos de dança com ele no colo e edito as músicas com ele. Espero que ele curta dançar, espero poder ensinar algo pra ele, e dai realizar um sonho que surgiu com seu nascimento.
Tenho uma
família maravilhosa, mais uma benção recebida.
Dançarinos de SV: Como
você define o estilo do Fator?
Douglas: Fator é
um conceito. Quem faz parte da cia. sabe que vai ter que se desapegar de alguns
formatos e gêneros. Fazemos dança. Trabalhamos com dança.Viver pra dança é o
que todos nós fazemos, viver da dança é algo que a classe ainda esta
descobrindo. E é algo vital para o crescimento de qualquer trabalho. Estamos
sempre estudando algo, discutindo e pensando nas possibilidades. Isso é Fator,
não nos importamos com tendências, estamos sempre pensando em fazer algo que
vai nos levar a estudar mais um pouco. É lógico, se alguém quiser aprender a
fazer um moinho de vento, pode vir porque temos a técnica, lockin, poppin,
b.boys, tudo isso é a base do Fator. Qualquer um da Cia. pode solar em alguma
técnica elementar das danças urbanas. Respeito todos os estilos de dança, mais
do que somente as danças urbanas, já tivemos aulas de jazz, ballet, afro e
ginástica acrobática.Fator é uma Cia. da arte, fazemos mais que esse ou aquele
estilo, fazemos DANÇA. Essa é a nossa paixão. Isso é o que importa para a Cia.
Dançarinos de SV: São
Vicente é uma cidade cheia de grandes talentos dentro da dança. Em sua opinião
qual a melhor forma de absorver todo esse potencial artístico e o que está
faltando para isso?
Douglas: Minha grande
amiga Alabá falou uma verdade um dia desses. ”Chegou a hora de pensar na dança
como uma classe” e isso resume tudo. Quando
comecei o Fator havia diversos grupos da região maravilhosos, fortes que foram
sucumbindo com o tempo. Acredito que por ficarem disputando mesquinharias, quem
era melhor que quem, quem ganhava isso ou aquilo. Nunca me preocupei com isso, já
tive 30 pessoas no Fator e já tive 5. Mas não desisti, tão pouco me preocupei com os outros. Acho que
passou da hora dos coreógrafos crescerem e pensarem com adultos de verdade. Tem
espaço pra todo mundo, tem diversos festivais acontecendo ao mesmo, tem um
monte de emissoras de TV, empresas, agencias. Acontece que, exatamente agora
vivemos um momento delicado, muita gente se perfaz desse momento para iludir as
pessoas, criar falsas expectativas e com isso muita gente também se deixa levar,
vira a cara, posta bobagem, se preocupa com tudo menos com o que realmente importa,
fazer dança.
Mas
melhoramos muito, São Vicente é um celeiro da dança e vem provando isso. A
diversos espaços e projetos. Projeto Fator Dança De Rua, Oficinas Culturais, Projeto
CER, Balé Jovem, Projeto JEPOM, Projeto We are The Best, Projeto DAC, Escola da
Família, Cia. Azvó, Galpão Cultural, a 20 anos atrás nada disso existia,enfim
tanta coisa boa que é certo que tudo isso era se afunilar e se profissionalizar
num futuro bem próximo.
Dançarinos de SV: Além
de coreografar e dançar, o que mais você gosta de fazer?
Douglas: “Hahaha”, muita
coisa. Mas vamos lá: Adoro cinema, gosto de ler. Terminei um livro agora
maravilhoso chamado Operação Cavalo de Tróia que eu recomendo a todos. Mostra
um Jesus verdadeiro e maravilhoso ao extremo. Jogar videogame, curtir meu filho
e minha mulher, torcer pro Santos F.C (risos) e agora venho estudando e
praticando Ilusionismo.Trabalhei 1 ano com o ilusionista Issao Imamura e
aprendi muito de grandes e pequenas ilusões. Venho treinando e testando algumas
coisas. Mas nada para apresentar, apenas para entreter meu filho. Ilusionismo é
um barato!
Dançarinos de SV: Conte-nos um pouco sobre seus últimos trabalhos e sobre a Homenagem que recebeu
no 3º DANÇA E ARTE pela Ass. Galpão Cultural Kid's Advance:
Douglas: Estamos a
dois anos apresentando o espetáculo “Os Federais III”. ela é a terceira e última
parte do projeto que começou em 1999, teve sua seqüência em 2003 e agora
encerramos a trilogia. Estivemos no programa Astros no SBT, estou montando dois
projetos corporativos que serão executados no início do ano que vem. Estamos
também terminando o novo espetáculo do Fator que estréia em novembro. Temos uma
agenda bem legal até dezembro para cumprir.
A
homenagem que recebi foi maravilhosa, ser reconhecido em vida é uma benção para
poucos. O Galpão Cultural realiza um trabalho maravilhoso na Vila Margarida com
recursos próprios e vem crescendo e mostrando sua força. Recebi duas homenagens
o ano passado, uma da minha esposa no dia do meu aniversário de 35 anos que foi
demais e outra da Cia. Fator Dança de Rua no dia do Festival da Cidadania. Agora
recebo essa linda homenagem do Galpão, é muita emoção para esse coração. (risos)
Dançarinos de SV: O
Projeto Fator Dança de Rua está crescendo. Como você vê tudo isso e quais são
as suas expectativas?
Douglas: A Família Fator vem crescendo a cada dia. De uma forma madura, sem oportunismo e ilusão. Profissionais vão sendo formados dentro do Fator e criando seus próprios trabalhos. Éramos o Fator e as oficinas até 2007. Hoje somos Fator, Oficina, Criarte, Tropa, Balé Afro de São Vicente, Az Vó, Primeira Classe, 4 Tempos, Nova Visão, Little Face, Atitude na melhor idade e agora o projeto Galpão Cultural que tem seu trabalho próprio mas que faz parte da família. Éramos dois núcleos agora somos doze. De verdade, não sei dizer quais são as minhas expectativas, mas tenho certeza que mais profissionais sairão desses núcleos e vão propagar mais dança. O sonho de um homem virou o sonho de dezenas. E eu sou feliz por isso.
Dançarinos de SV: Como você resume sua carreira até esse momento?
Douglas: Vitórias,
derrotas, acertos, erros, renuncia, alegrias e tristezas. Momentos em que fui
embora para sempre e em outros que voltei de vez. Sou feliz por tudo que consegui,
pelas amizades, pelos momentos, pela história que fiz e deixei.
Tenho
muita coisa pra fazer ainda, mas se eu tivesse que parar hoje, tenho certeza
que mudei a vida de muita gente pra melhor, que encantei muita gente, que
contaminei muita gente com arte. Sou feliz com tudo que conquistei.
Dançarinos de SV: Gostaria de pedir para deixar uma mensagem para os seus dançarinos e parceiros
de trabalho:
Douglas: Só tenho a
agradecer a esses malucos (risos) que acreditam em mim. O Fator é feito de
gente que esta a 12, 11, 4 anos comigo. O mais novo que estreou agora é o Nicholas
Arnauld, um mês que estreou nos Federais III, mas ficou durante 8 anos fazendo
aulas, participou do grupo Fator Kids e Tropa. Tinha 7 anos e agora tem 15. Quando
falamos que somos família é por isso. Ninguém chegou agora pra pegar carona, todos
fizeram parte da construção, tijolo, por tijolo. Cada um do grupo: Danilo César,
Nilton Santos, Bruno Leandro, Bruno Moreira, Pedro Bruno, Junior Teddy, José Diogenes,
Junior JJ, Luã Aguiar, Isaldo Ferreira e Nicholas Arnauld, têm sua importante participação.
E ainda temos mais um elenco de 6 novos estagiários. Fator, só depende de nós, acreditar
sempre.Vencer é muito maior que ganhar.
Dançarinos de SV: Douglas Rebelo é feito do que?
Douglas: Sou feito de conhecimento. Conhecimento adquirido não de uma, mas de varias pessoas que me ajudaram com instrução ou com atos.
Dos meus
pais Sandra e Manuel, que me amaram e me ensinaram os valores que um homem tem
que ter de verdade
Aprendi a
dança de Rua com Marcelo Cirino, Ricardo dias e João Celso. Aprendi Jazz e Contemporâneo
com Maristela Sild, Teatro com Hélio Cícero, Circo com o Kiko Fratteli, aprendi
musicalidade e edição vendo Flavio Medeiros produzir. Ilusionismo com Issao
Imamura, aprendi a transformar minha arte em um produto com Amauri Alves. Fiz e
faço diversos cursos em varias áreas da dança porque amo a dança como um todo.
Tive na
minha vida pessoas como a “Tia” Helena, que me pegou pelo braço e disse que o
trabalho era bom. Ela ligava pra todo mundo, ligava até pra quem ela não
conhecia e abriu muito espaço para o meu trabalho.
Pedro Gouvêa,
que quando assumiu a Secretaria de Turismo e Cultura me chamou para uma reunião
e me disse que não era possível uma Cia. como o Fator, conhecida e premiada não
ter um espaço decente para ensaiar. Autorizou a volta do Fator para as Oficinas
Culturais e abriu espaço para que eu pudesse mostrar minhas idéias e
principalmente colocá-las em prática.
Daiana Alves,
minha linda esposa que sempre esteve ao meu lado, acreditando em mim até nas
horas em que tudo parecia estar perdido.
Sou feito
de muita gente, sou feito de um conjunto de encontros e desencontros. Triste é
aquele homem que não reconhece seus mestres, seus amigos e as pessoas que os
ajudaram.
“Acha que
nascer do nada, coisa que não existe, é bonito.”
Dançarinos de SV: E para concluirmos, o que você tem a dizer para todos os fãs do seu trabalho?
Mas logo
entendi que era possível. Tudo era possível e isso me rege até hoje. Então
quando você tiver um sonho, lute por ele. Eu nunca vou concluir a minha obra, nenhum
artista consegue, mas tenho certeza que deixarei uma boa parte dela pronta como
símbolo de que é possível realizar seus sonhos ou parte dele.
Tenho
história pra contar, vivi meus melhores anos trabalhando pra isso.
Pensando e
lembrando dos meus objetivos quando criei a Cia. Fator cheguei a conclusão:
Sonhei
coisas que jamais alcancei
Alcancei
coisas que jamais sonhei.
Deus
abençoe a todos!!!
***
Tenho a total convicção que o Fator e seu coreógrafo irão
contribuir cada vez mais para a valorização da dança em São Vicente e todo o
país.
Aproveito para agradecer pela confiança e por compartilhar
um pouco desta rica história de vida e trabalho por amor a dança.
Sucesso sempre!
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