quarta-feira, 27 de junho de 2012

OFICINA DE DANÇA AFRO 
Com Nilton Santos

As aulas acontecem todas as quintas-feiras das 19:00 às 21:00.


Inscrições Abertas
 Academia de Artes Oswald Névola Filho
Rua João Ramalho, nº 988 - Centro (próx. a Delegacia da Polícia Civil) 
São Vicente / SP.
Informações em horário comercial no local.



       
                  Realização:                                                                                                         Apoio:


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Marcelo Otávio: "A DANÇA PERDE UM GRANDE COREÓGRAFO E DANÇARINO"

Marcelo Otávio: "A DANÇA PERDE UM GRANDE COREÓGRAFO E DANÇARINO"



Nesta segunda-feira fria e cinzenta do dia 25 de junho de 2012 acontece as 16 horas o enterro de Marcelo Otávio, ou Marcelinho como era carinhosamente chamado pelos amigos.
Dança de Rua do Brasil 
Não poderia deixar de falar um pouco sobre esta figura tão marcante para todos os amantes da dança e do samba da nossa região.
A primeira vez que vi o Marcelinho foi no início dos anos 90 com o Dança de Rua do Brasil do Marcelo Cirino. 
Um dançarino excepcional que colaborou com o seu talento na construção da história desta grande Cia. de Dança.
Depois, pude acompanhar um pouco da evolução da sua Cia. de Dança Apocalipse que ousou mesclar o street dance com outros estilos. Ele era surpreendente. E o Apocalipse influenciou muitos grupos da região.




Assisti algumas apresentações da Atrium Cia. de Dança onde ele atuou sobre a direção da coreógrafa Miriam Carbonaro e muitas Comissões de Frente e alas coreografadas da União Imperial no Carnaval de Santos.
Alem de ser um grande dançarino e coreógrafo, Marcelo foi extraordinário estilista. Seus figurinos são verdadeiras obras de arte.
A dor da despedida é inevitável. Mas, o alento das obras que ele esboçou durante toda a sua vida nos conforta. Porque um grande artista não morre...
Sentimos falta da presença física. Porém, sua arte sobrevive em todos que receberam sua influência.
Os sinceros sentimentos a toda sua família...
E o nosso muito obrigado Marcelo Otávio por compartilhar conosco tantos trabalhos maravilhosos...

"Bravo!!!"

(Aplausos...)




domingo, 17 de junho de 2012

Ednéa Dos Santos Camargo - "CIA. DE DANÇA AZ VÓ"


Ednéa Dos Santos Camargo - "CIA. DE DANÇA AZ VÓ: ALEGRIA, UNIÃO E SABEDORIA SÃO OS INGREDIENTES DESTE SUCESSO"

 Esta simpática dançarina da melhor idade, nos conta um pouco sobre o trabalho desenvolvido por Danilo César com ela e suas companheiras da Cia. Az Vó. 
Até bem poucos anos, as pessoas da melhor idade não tinham muito estímulo para desenvolverem atividades que lhes proporcionassem mais qualidade de vida. Mas, aos poucos, esta realidade vem mudando graças a um movimento que vem crescendo a cada dia que é o da valorização da experiência existente nesta crescente parcela da população.
Estamos vivendo muito mais, graças ao avanço da medicina e de outros mecanismos que a sociedade vem desenvolvendo.
E o mais bacana é que esta valorização da melhor idade tende a aumentar. Primeiro: porque temos muito para aprender com as experiências deles. 
E segundo: eles, também, estão descobrindo novidades com os mais jovens. E nesta troca todos ganham!
A Cia. de Dança Az Vó faz parte do Projeto DRCIA - Fator Dança de Rua que conta com a participação de mais 7 grupos de Dança: Criarte, Tropa, Primeira Classe, 4 Tempos, Balé Afro de SV, Academia de B.Boys, Atitude e Nova Visão. 
A Cia. Az Vó arrancam aplausos em todos os lugares onde se apresentam.  E hoje vamos conhecer um pouco mais desta pessoa carismática e cheia de energia que é a Ednéa.






Dançarinos de SV: Como você conheceu a Cia. De Dança Az Vó?

      Ednéa: Foi num anúncio na TV.



Dançarinos de SV: E como você decidiu fazer aulas de dança de rua?

Ednéa: Tinha mudado há pouco tempo e me sentia deprimida, fui à academia de artes ver as atividades.



Dançarinos de SV: Como era a sua vida antes da dança?

     Ednéa: Eu era uma pessoa chata.



Dançarinos de SV: E sua família, apóia a sua arte?

Ednéa:  A minha família me apóia em tudo.



Dançarinos de SV: Quais foram os locais que você mais gostou de dançar? Por quê

Ednéa Todas as apresentações. Porque cada uma parece ser a primeira.



Dançarinos de SV: Az Vó já conquistaram premiações importantes. Poderia falar um pouco sobre estas conquistas? 

Ednéa:  "Az Vó" já conquistaram vários troféus, e isto, é uma algo muito gratificante.




Dançarinos de SV: Quais os benefícios que você sentiu na sua saúde depois que começou a dançar?

Ednéa: Aquele tédio!  Ficar em casa sem fazer nada... Estava me sentindo doente.  Depois que comecei a dançar, melhorei.




Dançarinos de SV: É difícil conciliar os compromissos do dia-a-dia com os ensaios e as apresentações da Cia.?

Ednéa:  Não. A rotina do dia a dia são coisas que fazemos diariamente, e os ensaios são duas vezes por semana. As apresentações acontecem quando somos convidadas. Dá para conciliar sem problemas.



Dançarinos de SV: Conhecemos pessoas da “melhor idade” que precisam fazer atividades físicas. Mas, muitas ficam envergonhadas. O que você pode dizer sobre a sua experiência para incentivá-las?

Ednéa: Que?!  Vergonha na nossa idade não existe. Tem que correr para ser feliz!



Dançarinos de SV: Em sua opinião, como a comunidade pode contribuir para que mais, e mais pessoas possam usufruir das atividades culturais oferecidas na cidade?

Ednéa: Tendo mais divulgação, na minha opinião é o que falta.



Dançarinos de SV: Quais são suas metas para o futuro? 

Ednéa: Continuar dançando até que minhas pernas aguentem.

 


Dançarinos de SV: O que você sente quando pisa no palco para dançar?

Ednéa: Uma emoção! É como se cada apresentação fosse a primeira. Dá aquele frio na boca do estomago, as mãos ficam geladas e sem contar a tremedeira... É pura adrenalina!



Dançarinos de SV: A dança é um veículo artístico, onde usamos os movimentos para expressarmos emoções, idéias e sentimentos.  Qual a mensagem que você, particularmente, tenta passar com a sua dança?

Ednéa Toda alegria, é isto que mexe com nosso ego.



Dançarinos de SV: Deixe uma mensagem para as suas companheiras de dança e seu coreógrafo: 

Ednéa Para as minhas companheiras eu só tenho que agradecer-las. Pois, sem elas eu não seria ninguém e somos uma família, não um grupo. Quanto ao coreógrafo, ele é uma pessoa maravilhosa! Só temos que agradecer pela paciência que ele tem conosco. E olha que cuidar de pessoas de idade é complicado. Peço a DEUS todos os dias para dar a ele muita saúde.



Dançarinos de SV: Sabemos que muitos jovens ficam horas, na frente do computador ou do vídeo game sem estimulo para praticar alguma atividade. Com o tempo de vida que você tem, é com certeza um ótimo exemplo para todos nós. Que tal fazer um convite para estes jovens e todas as pessoas (em geral) virem fazer alguma modalidade de dança?

Ednéa Vocês jovens saiam e corram para a vida. Vão procurar alguma atividade na academia de artes. Lá existem várias opções, e com certeza, vocês irão encontrar alguma que se encaixe com o ritmo ideal cada um.



 “Divulgação é o que falta sobre a melhor idade na cidade de SÃO VICENTE.”


 






















 Temos jóias valorosas aqui em São Vicente e em muitas partes do mundo.
 Jóias, cujo valor está na vivencia e na experiência que só os anos podem proporcionar.
 Nossa entrevistada da semana fez questão de agradecer em nome da Cia. Az Vó.
 Isto demonstra o nível de entrosamento e de respeito existente entre elas. 
 Um grande exemplo para todos nós.   





***
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sábado, 9 de junho de 2012

Entrevista com Wedres Jesus - "A3 HIP HOP DETERMINAÇÃO E GARRA"


Wedres Jesus - A3 HIP HOP DETERMINAÇÃO E GARRA 

É difícil para aqueles que não trilharam o caminho da dança entenderem por que jovens empenham horas e mais horas em treinos exaustivos para executar “... movimentos...".
Mas, quem dança e vivencia na pele esta experiência, entende que isso em nosso país só pode ser motivado por um imenso amor. A dança é como um sacerdócio é vocação. Todos nós temos grandes objetivos na vida e lutamos para superá-los. Mas quando o assunto é dança, é preciso ter mais que paixão, é preciso ter fé... Fé no seu sonho, fé no seu empenho, fé na sua força de vontade.
Este jovem talento do grupo A3 HIP HOP divide conosco um pouco da sua história. Suas alegrias, seus sonhos e sua coragem para seguir em frente, buscando seu espaço e o reconhecimento da sociedade.
Podemos reconhecer muito da nossa história lendo esta entrevista. Mas, surpresas aguardam aqueles que se aventurarem nesta lição de dedicação e amor a dança.
Começam melhor Wedres Jesus:


Dançarinos de SV: Conte um pouco sobre sua infância., você era muito levado?
 Wedres:  Bom levado? Acho que eu fui um pouco de cada. Era estudioso na escola, mas aprontava muito com os amigos de infância, e só queria saber de fazer piruetas no intervalo de aula, em casa sempre fui um bom menino "sabe aquela história", longe dos pais a bagunça come solta, perto deles a educação reina, eu era bem assim. Mas sempre fui tranquilo e nunca levei preocupação pra casa. Meus tempos de criança foram ótimos e como todo menino sonhava em ser jogador de futebol até conhecer a dança.

Dançarinos de SV: Quando começou sua história na dança? Como foi?
Wedres: Minha história na dança começou aos 9 anos quando conheci um amigo chamado Hugo. Tudo começou quando ele, na época me mostrou fitas de batalhas de break dance bboy's e B-girls, eu fiquei alucinado com o que o ser humano podia fazer, então ali eu busquei minha inspiração. Ele me ajudou me ensinando todos os movimentos básicos de break dance. Dali não parei mais. Ao longo do tempo criamos um grupo de amigos, mas com todo mundo crescendo, os estudos ficando importante e alguns eram mais velhos que eu foram trabalhando e parando de dançar. Eu e mais um amigo chamado Anderson "o Kbelo" continuamos e nos aperfeiçoamos em outros estilos, como o Free style, House, Loocking & amp; LA Hip Hop onde conheci pessoas importantes para o meu desenvolvimento hoje na dança.

Dançarinos de SV: Quais foram suas maiores dificuldades no começo?
Wedres: Minha maior dificuldade foi encontrar tempo pra treinar, viajar e desenvolver o Hip Hop. Agendar trabalho e escola... Foi complicado, e poucas pessoa sabem, mas eu sofri uma luxação no músculo do ombro e isso fez com que eu parasse de treinar break dance, mas isso não me abalou. Me recuperei e voltei com tudo! Pessoas me criticavam, meus pais no começo, brigavam direto, falavam pra mim que eu tinha que trabalhar e pensar em estudar. Isso me entristecia, mas não me fez parar, sempre enfrentei as dificuldades de cabeça erguida.

Dançarinos de SV: Onde você busca inspiração?
Wedres: Busco inspiração em pessoas que, em alguns esportes se superaram e trago pra mim na dança.
 Me inspiro, também, em amigos coreógrafos e na cultura de alguns países em relação a dança e em todos os estilos, principalmente na cultura Norte americana .

Dançarinos de SV: Dança e família: como é essa relação?
Wedres: No começo de tudo foi complicado, várias turbulências... Discussão. Mas, hoje isso deixou de acontecer, hoje sou valorizado pela a minha família porque mostrei pra eles que nada vai me fazer parar e é o que eu amo fazer.

Dançarinos de SV: Qual o estilo de dança que você mais se identifica? Por que?
Wedres: Identifico-me muito com o LA Hip Hop, esse estilo é onde a música te escolhe sabe...É como se ela pedisse pra você transmitir ao público o significado total das batidas, letras e sobre a movimentação do seu corpo.

Dançarinos de SV: Fale um pouco sobre a sua relação com seus companheiros de grupo:
Wedres: É de total admiração e confiança entre todos. Como todo grupo, às vezes, temos opiniões contrárias, mas sempre almejando um único objetivo!

Dançarinos de SV: A dança proporciona momentos únicos. Do que você têm saudades? O que te marcou e por que?
Wedres: Tenho saudades do tempo em que vários amigos se encontravam em locais públicos e ali mesmo se abria uma roda com um som maneiro e começava a arte pura de rua.E duas coisas me marcaram até hoje, minha primeira apresentação em um festival onde ganhamos 1º lugar com o Grupo Sabotagem Juvenil, e outro momento marcante foi recente onde vi uma mulher incrível, e poder dançar ao lado dela no Especial  de Natal da Xuxa. Foi muito marcante esses dois momentos!

Dançarinos de SV: Quais são os seus projetos para este ano?
Wedres: Elevar o nome do meu grupo que é recente na baixada, o A3 HIP HOP, e ajudar um amigo e coreógrafo de outro grupo que faço parte onde o Alessandro Cardoso (ATMOSFERA) coordena e dirige um Projeto chamado D.A.C. - Dança, Arte e Cultura no bairro Parque da bandeiras na Área Continental - São Vicente. Reerguer a ONG PROGRESSO no bairro do Catiapoã onde ensaio e levar a Dança a comunidade.

Dançarinos de SV: Na sua visão, o que está faltando para a sociedade reconhecer os profissionais da área?
Wedres: Tá faltando união de todos, tem que deixar o orgulho de lado e se juntar. Mostrar a cara pra políticos e ver que com a dança, seja qual estilo for, traremos melhoramentos a toda Baixada Santista e assim servir de exemplo pra mais pessoas. Enquanto isso não acontecer, seremos sempre tratados como "mais um" na sociedade. Sendo que, o que fazemos é arte onde atraímos olhares de todo tipo de pessoa curiosa em ver o trabalho de todos os grupos. Então é isso, é representantes de cada grupo se juntarem e apresentarem um projeto onde o termo é "somos artistas e estamos aqui pra mostrar o  nosso show" e assim, trazer a valorização pro Hip Hop e outras danças!

Dançarinos de SV: E no que você pretende contribuir para melhorar isso?
Wedres: Pretendo quebrar barreiras, fazer diferente, ir contra a palavras de muitos que não acreditam. Serei ousado e meio que mal educado, mas num sentindo bom, aguardem e coisas boas virão a esse respeito.

Dançarinos de SV: Vamos supor que você possa fazer uma grande revolução no cenário da dança aqui na nossa região: O que faria? E começaria por onde?
Wedres: Eu me espelho na cultura americana onde os festivais são pra mostrar os talentos dos grupos para agências, onde se contratam para filmes comercias, flash mob, etc.. Onde os grupos nem se quer se preocupam em pagar inscrição, onde apenas a preocupação é dançar e mostrar o trabalho.Garanto que traria um publico imenso, mas pra começar, isso precisaria de um apoio da secretaria da cultura e de patrocínios. Mas, pra isso acontecer, tem que entrar a valorização e respeito sobre todos!

Dançarinos de SV: Temos aqui na cidade muitas crianças e adolescentes começando a dançar. Você poderia mandar um recado especial para eles?
Wedres: Só posso dizer que se gosta, e realmente ama a dança, enfrente tudo, não abaixe a cabeça pra nada. A recompensa demora, mas quando chega, é muito gratificante. É isso, vamos fazer crescer a dança na nossa região.

Dançarinos de SV: E para todos os dançarinos que estão lutando por sua arte, o que você tem a dizer: 
 Wedres: Valorizem-se, não desistam do seu sonho, corram atrás, sorriam pra tudo.Nada é impossível ou difícil, tudo tem um motivo pra acontecer, se estiver complicado, procurem tornar mais fácil. Sejam ambiciosos e tenham garra, que no futuro serão recompensados por tempos de suor derramado em busca da valorização, com muita fé e sempre levando Deus no coração.

Dançarinos de SV: Agora, para todos os seus amigos e admiradores, abra o seu coração:
Wedres: Nunca pensei que a evolução viria tão rápido, nem se quer imaginei que continuaria a levar essa arte pra vários lugares. Pensei que seria mais um ser humano com rotina, mas quebrei esse estilo de vida e hoje agradeço a todos que compartilham momentos comigo, que acreditam no meu trabalho, que me aceitam do jeito que sou. E por onde passo, hoje tenho o respeito de vários e espero que continue assim por várias gerações. E que eu possa retribuir, de alguma forma, o carinho que amigos e admiradores tem por mim. A minha satisfação e alegria é poder dividir com todos, um pouco do que sei e o que faço. Muito obrigado!


Por mais difícil que seja o caminho, você só chegará ao final se ousar trilhá-lo...
E Wedres já está nele. Estaremos acompanhado para aplaudir este jovem dançarino e seus grupos em cada obstáculo superado, em cada meta alcançada.
A equipe de Dançarinos de São Vicente lhe deseja muito sucesso.



Por Alabá Bispo.








 Grupo A3 HIP HOP

Endereço eletrônico:

No Facebook



Cia. de Dança Atmosfera

Endereço eletrônico:

No Facebook



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domingo, 3 de junho de 2012

Entrevista com Raphael Lopes - Dança Clássica Indiana


Raphael Lopes - "SÃO VICENTE CONHECE MELHOR A DANÇA CLÁSSICA INDIANA"


Nascido no dia 23 de agosto, este peculiar virginiano se define assim em seu perfil de uma rede social:


"...Sou alguém vivendo a vida de forma caoticamente rotineira....
Tenho meus amigos, meus desejos, e minhas excentricidades e elas falam por mim, e me definem melhor do que qualquer racionalização virtual.
Amo arte, danço dança clássica indiana, e sou um leitor inveterado.
Admiro o pensamento elevado, o carater forjado, e a grandeza da alma. Em qualquer credo - máscara, porque posso ver através delas.
Prezo a gentileza, a um bom cerimonialismo mesmo num café da tarde, a frases e argumentos sedutores e bem formulados, e não consigo viver sem uma dose de humor refinado.
Sou simpático e anti-social, preciso do silêncio e do conforto da minha casa.
Ah, dizem que sou bom conselheiro, e sei ouvir atentamente.
Sou alguém apaixonado por tudo aquilo que faço, e aliás, não faço nada que não me apaixone..."



E por aí vai sua auto-definição...  Nesta entrevista podemos conhecer um pouco deste fascinante universo da Dança Clássica Indiana e, mais precisamente, sobre o estilo Odissi executado por Raphael Lopes que representa São Vicente e todo o Litoral dentro deste estilo.
Raphael defende que estudo apaixonado e profundo pelo universo escolhido dentro da dança leva ao aprimoramento e ao domínio da arte. É importante ressaltar a busca por bons mestres para trilhar este caminho.
Um MIX de mistério e ousadia. Assim definimos nossa personalidade da semana.   

Festival Dinastia - SV Janeiro 2006





Dançarinos de SV: Quando surgiu a dança na sua vida, como foi e há quanto tempo faz?

Raphael: Chega a ser clichê mas é impossível não dizer o que todos os dançarinos dizem: a dança surgiu desde sempre em minha vida! Sempre gostei muito de me apresentar nas festas escolares, e desde criança gostava de montar coreografias próprias paras as músicas que ouvia. Quando vim de São Paulo com quinze anos para São Vicente comecei a fazer as oficinas culturais da Prefeitura de SV (em 2000), em partes porque certamente seria um ambiente para fazer amigos já que tinha acabado de chegar de outra cidade, mas principalmente porque ansiava participar de algum grupo em atividade.

Dançarinos de SV: Você conheceu a Dança Clássica Indiana através de quem?

Raphael: Uma amiga minha de Santa Catarina (dançarina de Raks el Shark) havia visto uma performance de Bharata  Natyam (estilo clássico do Sul da Índia) com a famosa esposa do físico indiano Amit Goswami, a psicóloga Uma Krishnamurti. Ela, sempre tão crítica, me descreveu entusiasmada sobre o que havia visto, e eu então comecei a pesquisar por conta. Na época a internet era um veículo pouco popular e útil para esse segmento em específico, e me lembro de vasculhar bibliotecas em busca de referências sobre dança indiana, o que era quase impossível haja visto a quase total falta de publicações nacionais sobre o tema. Em 2005, conheci a bailarina Silvana Duarte e pude fazer seu curso de Formação Teórica e Embasamento Técnico do Estilo Odissi. Desde então não parei mais de buscar informações e contatos que enriqueçam meu know-how.

Dançarinos de SV: Você teve contato com outras modalidades. Pode nos falar um pouco sobre elas e no que isso contribuiu na construção da sua carreira?

Raphael: Sim, comecei com as oficinas de street dance da SECULT. Na época entrei primeiramente para a cia de dança do Douglas Rebelo (Fator Funk) seguindo para a cia do Alessandro Cardoso (Atmosfera). Na época pude realizar meu sonho recém chegado da capital em conhecer novos amigos (alguns os quais mantenho contato até hoje), e de viajar para algumas cidades para me apresentar. Em 2002 tive contato com o Holokahana Dance, onde tive minhas primeiras incursões fora do street dance.
Na mesma época comecei a conhecer outros estilos além da dança tahitiana como o dabke e o flamenco. Todas essas influências ficaram visíveis quando criei minha própria companhia de dança, que se chamava Ágora (as antigas praças Gregas) e mesclava em meu trabalho todos os estilos de dança pelos quais transitei. Em partes sofri muita influência do meu primeiro coreógrafo Douglas Rebelo, e mantive sempre muito forte o seu estilo em manter um conceito cênico sempre em evidência. Nessa mesma época tive a oportunidade de fazer aulas no Ballet Valderez, e conheci o estilo Afro na cia de dança Dinastia, onde tive a oportunidade de ser convidado para montar uma coreografia de street dance num momento onde esse estilo sofria sua grande revolução do old school para o new school. Daí em diante, me foquei unicamente na dança clássica Odissi. Posso afirmar que esse é o meu estilo, mas guardo com carinho todas as minhas histórias com os outros estilos que pude dançar.

Dançarinos de SV: Raphael, sabemos que na nossa região a Dança Clássica Indiana ainda é pouco conhecida, apesar de ser uma modalidade bem antiga. Em sua opinião o que falta para aumentar a divulgação nesta modalidade?

Raphael:  A dança Odissi possui uma cárater cultural e espiritual muito forte, não tem caráter apelativo e necessita ser apreciada como uma refinada obra de arte. Somos muito poucos bailarinos de danças clássicas indianas no Brasil, e estamos aos poucos introduzindo essa dança milenar para o público em geral. Em partes, normalmente irá se interessar por essa modalidade apenas aqueles já vinculados ou curiosos com a cultura oriental. Agora compete a cada bailarino saber difundir sua arte, e acima de tudo saber explicar e esclarecer sobre a mesma.

Dançarinos de SV: Você fez aulas aonde e quais foram seus professores?

Raphael: Iniciei meus estudos com a bailarina Silvana Duarte, seguidos por três anos de estudos com Andrea Prior no Espaço Rasa – ambas na capital. Retomei mais um ano de estudos com Silvana Duarte, e tive aulas com a professora Andrea Albergaria em Atibaia. Em 2012 tive a oportunidade de estudar na conceituada escola Rudraksha Foundation em Bhubaneswar (Orissa – Índia), diretamente com o Guru Bichitrananda Swain – renomado coreógrafo e bailarino com quase 40 anos de carreira.

Dançarinos de SV: O que mais te fascina na Dança Clássica Indiana?

Raphael:  A riqueza de detalhes e a busca insaciável pela beleza transcendental. É uma dança com pelo menos dois mil anos de tradição, com um corpo de conhecimento profundo, que é interconectada com a mitologia e com a literatura hinduísta. A formação total nessa dança envolve uma imersão na cultura hindu, que sempre me fascinou.

Dançarinos de SV: Com a novela Caminho das Índias que passou na Rede Globo as pessoas puderam conhecer um pouco mais sobre o universo da dança desse povo tão místico. Mas, os estilos apresentados na novela eram mais populares. Você pode nos esclarecer um pouco sobre os diferentes estilos de Dança Indiana?

Raphael:  A novela infelizmente foi um desserviço a dança clássica indiana. Nada contra as danças populares, mas o modismo gerado com a novela permitiu que pessoas sem o devido cuidado e respeito iniciassem a copiar vídeos do youtube ou mesclar de forma errônea danças clássicas em suas coreografias. Em partes a moda passou e com isso o número de aproveitadores reduziu drasticamente, mas as ditas danças modernas recheadas com tentativas efusivas de executar movimentos clássicos ainda aparecem. A famosa indústria de filmes Bollywood popularizou em todo o mundo a dança Bhangra, o Kathak, e a Kalbelya. Só que esses estilos não podem ser entendidos como Bollywood, são totalmente diferente entre si sendo o Kathak também um estilo clássico. Esses erros infelizmente são perpetuados pelos ditos dançarinos modernos, que normalmente rotulam o clássico de chato ou sonoramente desagradável ao ouvido ocidental. Ouso dizer que se somos poucos bailarinos clássicos no Brasil, são ainda menos os autênticos dançarinos da dita dança indiana de Bollywood.

Dançarinos de SV: Por que você optou pela clássica?

Raphael: Depois de muitos anos como um dançarino performático, e ao iniciar meus estudos em massoterapia, metafísica e filosofia oriental passei a me preocupar por um meticuloso e acurado aprofundamento em tudo o que passei a fazer. Sem contar que a dança clássica é uma fonte perene de informação, através da qual pude amadurecer como ser humano.

Dançarinos de SV: Como a sua família e amigos enxergam seu trabalho? Você sempre teve apoio, ou enfrentou preconceitos com a sua profissão?

Raphael:  De início minha família estranhou muito minha  súbita paixão pela dança, já que fui um menino tímido e inteligente com um provável futuro acadêmico. Na medida em que os anos passaram, e eles viam que a dança não me trazia retorno financeiro o desinteresse deles por minha carreira ficou ainda mais embasado. E pra piorar, estudar dança clássica indiana exige um certo desprendimento financeiro (rsrs). Hoje vivendo com o Vinícius há quase cinco anos, encontrei nele um amigo a confiar e incentivar minha carreira. Inclusive cheguei a gastar quase todo o meu salário mensalmente com as minhas aulas, e isso só foi possível graças à compreensão dele.
Minha família só entendeu realmente que eu ia viajar para Índia para dançar prestes a subir no avião rsrs.... No meu caso, uma formação real em Odissi só é possível fora do país. E bancar uma viagem dessa anualmente só é possível com muita administração familiar e o apoio de casa.

Dançarinos de SV: O que você mais deseja realizar hoje na Dança Clássica Indiana?

Raphael: Gosto muito de lecionar. Gosto de conversar e compartilhar meus conhecimentos em aula, como professor meu maior sonho é ter alunos interessados e dedicados. Com minha viagem tive a oportunidade de me tornar representante do meu Guru aqui no Brasil, e estou programando uma turnê pela América Latina com ele em breve. Também desejo me apresentar no Festival Internacional de Odissi, e estou me programando para isso no ano que vêm.  Quero muito poder levar a dança a muitos e muitos palcos, levar o Odissi ao coração das pessoas.

Dançarinos de SV: Como a sociedade pode contribuir com isso?

Raphael: A sociedade precisa valorizar e estar presente nas atividades artísticas. É triste ver que a maioria dos festivais de dança possui em sua plateia apenas os parentes e amigos mais próximos dos bailarinos. Quando o interesse geral aumentar pela dança, um maior número de apresentações se fará possível. Ao mesmo tempo o bailarino precisa ser respeitado como profissional, receber pelo seu trabalho, e isso se faz apenas se a sociedade consumir Arte.

Rudraksha Foundation - Índia Março 2012
Dançarinos de SV: Onde você ministra suas aulas? Quais os dias e horários?

Raphael:  Atualmente dou aulas na Escola Campo das Tribos, primeira escola totalmente especializada no estilo ATS e Fusion em SP aos sábado das 17 as 18h30. Nas segundas eu dou aula em Santos, no Espaço Equilibrium 3C – Yoga e Pilates (das 9 as 10h30). Estarei em breve iniciando uma nova turma no ABC Paulista.

Dançarinos de SV: Para concluirmos, deixe uma mensagem para todos os amantes da dança:

Raphael: Busque ser o melhor sempre, não melhor do que o outro mas sempre o melhor que você pode ser e dar de si mesmo. Aprendam a respeitar o trabalho do outro bailarino, e saibam prestigiar e consumir arte. Deixe a crítica ácida e o comentário maledicente, e simplesmente faça o melhor ao invés de julgar o outro. Ensaie como se estivesse sempre em cena, e dedique-se sempre a execução perfeita do movimento. E lembre-se sempre de sentir intensamente o palco, pois não há nada como a sensação de dançar!!!
Konarak Temple - Índia Abril 2012


Raphael Lopes é Massoterapeuta formado no Senac em 2004, e além de professor e bailarino, também dá palestras sobre a dança Odissi. Ele estará dançando no Ratha Yatra (desfile devocional na orla da praia) que será realizada em Santos no mês julho.


Por Alabá Bispo.

Adi Templo ISKCON - SP Maio 2012

Conheça melhor a Dança Clássica Indiana 

Endereço eletrônico: www.shaivabhakta.blogspot.com dedicado a cultura, arte e espiritualidade hindu.
 E-mail rapha.odissi@gmail.com





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