Cenário da dança próximo ao surgimento da Dança de Rua na
região no final dos anos 80, início dos anos 90.
ROSE DANÇARINA
Final dos anos 80, São Vicente recheada de grupos de dança
que “bombavam” nos bailes na cidade.
Os mais badalados eram o Beira-Mar, Praia Clube, Tumiaru e
Glint (que fez fama como Hollywood).
Os estilos que faziam a cabeça da galera eram o Miame, o
hap, rock nacional entre outros...
Mas, os dançarinos dos bailes eram destaque na cidade e
tinham a admiração de muitos frequentadores destes clubes.
A Black Cia. do Guarujá era muito querida por todos os
dançarinos daqui, e quando apareciam em algum baile, abriam uma grande roda.
Os grupos de Hap e Miame, também faziam um show a parte. O
bacana é que nos bailes todos dançavam juntos os passos marcados e havia uma
grande união entre os dançarinos.
ESPORTE CLUBE BEIRA-MAR
Mas, quando aparecia uma competição, podia esperar grandes
performances nos palcos. Cada grupo tinha um estilo particular e muitos tinham
fãs clubes numerosos.
São Vicente tinha uma gama de excelentes grupos e seria
pretensão da minha parte querer listar todos aqui. Mas, como dançarina da
época, posso falar de alguns que me chamavam a atenção como: A Big Night Star, New
Brother, The Master Night, Happy Boys, DND, Chanshine, New Revelacion e a
Contra Passos (meu grupo) entre outros. Estes eram alguns dos grupos de miame, fora os
grupos de hap, os dançarinos de jazz e os solistas de funk.
Alguns dubladores do Michael Jackson também tinham um grande
espaço nesta época. Que, diga-se de passagem, Michael Jackson ditava os passos
do Miame.
CLUBE DE REGATAS TUMIARU
Algumas personalidades desse período estão no cenário da
dança até hoje como a Rose Dançarina (de Santos), Ricardo Dias, coreógrafo do
Nação de Rua, o próprio Marcelo Cirino do Dança de Rua do Brasil (também de Santos)que tinha um
solo de break fantástico, entre outros...
Outros fenômenos das pistas, infelizmente, pararam de se apresentar como o amigo Dimmy Jackson, e todos os talentosos dançarinos da maioria dos grupos da época.
Era muito comum os dançarinos de São Vicente frequentarem as discotecas de Santos como a Zoom, Lofo, o Vasco da Gama, Regatas Santista e muitas outras, assim como alguns dançarinos de Santos virem dançar em nossa cidade.
Preciso deixar impresso aqui uma dupla "Double Shock" Dadá e Denis de Santos que revolucionaram o
mundo da dança da Baixada Santista. Esses dois rapazes tinham uma peculiaridade em suas coreografias: tremiam muito!!!
Realmente, era um choque assisti-los. Ficávamos com um gostinho de "quero mais".
Nesta época não havia internet e as pessoas não tiravam tantas fotos como em nossos dias atuais. O sistema de gravação em vídeo era feito em fita VHF e poucas pessoas registravam esses eventos. Sem falar no fato destes materiais se degradarem com facilidade.
SÃO VICENTE PRAIA CLUBE
Existem poucos registros desta fase. Mas, em meio a toda essa gama de talentos,em 1991, Marcelo Cirino surge com o seu grupo "Dança de Rua" que traz uma proposta nova junto com o projeto de aulas para a nova modalidade.
E a história muitos conhecem. Uma verdadeira revolução se inicia no cenário da dança aqui na Baixada. O Dança de Rua começa a difundir o conceito de street dance e muitos grupos começam a surgir do projeto do Marcelo: Enigma, Apocalipse, Nação de Rua, Street Power e muitos outros. Hoje a modalidade é reconhecida em todo o Brasil e respeitada fora dele.
Vale muito a pena visitar o site do DRB e conhecer um pouco mais desta história.
Ontem, 22 de julho no Centro de Convenções da Mata Atlântica em São Vicente/SP, a "Dança" iluminou a cidade. No palco houve um "verdadeiro desfile" de charme, criatividade e amor a essa arte. Muitos grupos e Cias de Dança da Cidade e da Região mostraram seu trabalho na Mostra Competitiva". Vimos talentos iniciantes e veteranos mostrando, em estilos variados, o quanto a dança é singular como manifestação artística. O evento foi realizado pelo Galpão Cultural Kid's Advance e contou, também, com apresentações de sua Cia., de alunos e grupos convidados. Douglas Rebelo "Cia. Fator Dança de Rua" e Pedro Gouvea receberam uma homenagem da Direção do Galpão Cultural. São Vicente foi agraciado com mais um grande Festival de Dança.
Deixo aqui meus agradecimentos pelo convite e os meus parabéns para todos que organizaram se apresentaram no evento.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Leonam Lins - DAS RODAS DE BREAK PARA A LIDERANÇA DO A3 HIP-HOP
Quando olhamos para o passado e vemos quantas transformações aconteceram em nossas vidas, podemos deduzir que cada escolha que fizemos fez diferença para nos trazer a realidade, na qual vivemos atualmente.
Leonam Lins, um jovem que está construindo sua história com muita objetividade já possui muitos ingredientes para liderar o Grupo A3 Hip-Hop. Conta nesta matéria sobre a importância de se ter um objetivo definido e, ao mesmo tempo, a necessidade de buscar novas informações para o enriquecimento pessoal e coletivo.
Conhecer um pouco mais sobre a origem deste grupo através do olhar singular deste dançarino que expressa com carinho o respeito que tem por cada integrante de sua equipe, me fez voltar ao início da minha própria história. Somos a somatória de tudo que vivemos e aprendemos. Leonam nos fala um pouco sobre isso, o aprendizado do passado servindo de alicerce para o futuro.
Agora, divido com você leitor essa história de amor a dança e do companheirismo deste grupo A3 Hip-Hop.
Dançarinos de SV: Leonam, por que você optou pelo hip-hop?
Leonam: Bom quando eu tive um interesse pela arte que é a dança, eu queria
algo que tivesse muitas acrobacias, saltos mortais e giros. Isso eu encontrei
no Breaking (B. Boy) que faz parte
da cultura Hip-Hop.
Dançarinos de SV:Existe alguém próximo a você que te influenciou na dança?
Leonam: Existe sim. Em uma escola que estudei próximo a casa onde morava tinha
um projeto chamado "Escola da Família". Nesse projeto eram engajados
vários tipos de atividades, entre elas a DANÇA. Um primo meu chamado Moisés
fazia parte da dança nessa escola e sempre me chamava para fazer aulas, mas eu
nunca tinha interesse, até que ele me disse que tinham movimentos semelhantes
aos da capoeira e que eu iria gostar muito, isso me despertou interesse e eu
fui ver como era. Ai então, me apaixonei pelo o que vi e quis começar a
praticar.
Dançarinos de SV: Como foi sua caminhada até chegar ao Grupo A3 Hip-Hop, quais foram
ingredientes moldaram sua formação?
Leonam: Desde que eu comecei a pratica
da dança foi sempre junto de muitas pessoas. Nunca tive um professor que
estivesse sempre me dando conselhos, nisso eu pegava um pouco de informações
com cada B. Boy que estivesse treinando.
Com tudo isso, fui formando amizades, uns eu considerava realmente
amigos e outros apenas colegas de treino. Com o tempo tive certa aproximação
com aqueles que eu já considerava como amigos, e nisso fomos formando meio que
um ciclo fechado ali no treino mesmo.
Certo dia o Sílvio Orlando arranjou uma apresentação no Colégio Armando
Victório Bei e nisso chamou aqueles amigos de treino mais próximos para fazer
essa apresentação. A gente não tinha coreografia nem nada, apresentaria apenas
solos de cada um mesmo.
Depois dessa apresentação estavam todos conversando na calçada dessa
escola e surgiu a ideia de montar um grupo, de imediato todos presentes
aceitaram a ideia. Nisso estavam todos empolgados com a ideia de um grupo até
porque todos se davam bem e tinha uma boa harmonia entre nós.
O Grupo começou tinham em media uns 12 integrantes, no começo era tudo
"brincadeira" todos treinavam, mas poucos tinham o propósito de
crescer em cima disso. Esses poucos que queriam levar o grupo adiante com
seriedade estavam sendo prejudicados pelos demais que só faziam da dança mais
uma diversão, um hobby, nisso o grupo foi se desfazendo aos poucos e restando
apenas aqueles que queriam seguir adiante com trabalho serio e dedicação.
De 12 integrantes passamos a ter 4, eu, Sílvio Orlando, Jéssica Tenório
e Anderson Arnaldo conhecido como “Cabelo”. Nessa época o grupo ainda estava na
vibe de treinar somente o Break Dance (B. Boy).
Com o tempo o grupo foi se reerguendo e novos integrantes foram formando
com o grupo. Entrou o Allan Trindad, Wedres Jesus e a Flávia Fernandes que já
estão a um tempo nessa família e com tudo isso, fomos abrindo nossa mente para
outros estilos de dança, o que de fato nos ajudou muito, tanto que hoje em dia
somos o que somos por ter aberto nossas mentes para novos estilos.
Agora os ingredientes que moldaram nossa formação; acho que a amizade de
que temos além do grupo, a democracia que existe no grupo, por mais que eu seja
o líder do grupo nunca tomo nenhuma decisão sem antes falar com o grupo, o companheirismo
de todos que eu acho essencial e o fato de nunca termos desistido, mesmo
passando por tantos problemas.
Dançarinos de SV: Você está num momento especial com seu grupo, mas foi difícil chegar
neste nível de entrosamento, ou seja, vocês tiveram dificuldades no começo?
Leonam: Sim com certeza e ainda existem muitas dificuldades. A principio
tivemos problemas com espaço, ensaiamos por um tempo em praças e calçadas com
um som de pilha e quando não tinha som era na base da palma, integrantes deixando o grupo, começamos em 14
integrantes, chegou uma época em que estávamos em 3 ou 4, o grupo chegou a
quase acabar por não sairmos do lugar em questão de evolução.
Sou grato a Deus por cada dificuldade que passamos, pois sem elas não
seriamos o grupo que somos hoje.
Dançarinos de SV: Qual a principal mensagem que você procura passar com seu trabalho
dentro da dança?
Leonam: Seja diferente, traga coisas novas e nunca se limite pois você pode
sempre ir mais além do que você imagina.
Dançarinos de SV:E como surgiu esta parceria com a ONG Ass. Progresso?
Leonam: Num tempo em que o grupo estava sem sala para treinar, na época em que
ensaiávamos nas calçadas e praças. Estávamos atrás de um local de treino, vimos
salas da prefeitura, salas para alugar, mas nada se resolvia.
Até que um dia um amigo que treinava junto do grupo falou sobre uma ONG
localizada no Bairro do Catiapoã e então fomos ver sobre o local, chegamos lá e
eu fui falar diretamente com o diretor da ONG o Milton Vieira, e ele disse que
teria um espaço na ONG no qual o grupo poderia ensaiar e ainda nos propôs
escolhermos os dias para isso, depois desse dia nunca mais saímos de lá, e lá
estamos desde 2009.
Dançarinos de SV: Leonam, você tem uma rotina de ensaios, tem família, trabalho e sua
vida pessoal e profissional não interferem no desenvolvimento do seu trabalho
com o A3? Dá para conciliar tudo?
Leonam: Bom nem sempre deu para conciliar todas as partes, mas hoje em dia meu
trabalho, família e vida pessoal não interferem em nada. O que vir a interferir
vai ser retirado da minha vida (risos)
Dançarinos de SV: Você é mais extrovertido ou calado? Sente alguma diferença na sua
personalidade quando está se apresentando para seu público?
Leonam: Posso dizer que sou um pouco dos dois, eu quando chego num ambiente
fora do meu ciclo de amizade sou um cara mais calado, mas quando eu me acostumo
com as pessoas costumo ser um cara bem extrovertido.
Bom eu quando estou me
apresentando acho que me transformo em outra pessoa, viro um ator, assim podemos
dizer.
Dançarinos de SV: Quais foram os principais benefícios que você sentiu da dança na sua
construção como pessoa?
Leonam: Benefícios, pode parecer exagero da minha parte mas posso dizer que
minha vida mudou completamente depois da dança, eu viajei bastante, conheci
lugares, culturas e muitas pessoas diferentes, me tornei uma pessoa mais alegre
comigo mesmo e com as pessoas ao meu redor e sou mais de bem com a vida se
assim posso dizer (risos)
Dançarinos de SV: Sua opinião sobre a dança aqui na cidade de São Vicente, como você
vê sua arte aqui na cidade (falando de reconhecimento)?
Leonam: A dança está sendo cada vez mais visada, não só aqui na cidade como no
Brasil e no mundo. Mas em questão da cidade eu acho que todos deveriam ter um
reconhecimento pela sua dança independente de qual estilo for. Mas nunca que
isso vai acontecer se apenas um lugar por parte da prefeitura levar sempre
todos os benefícios e reconhecimentos, pois temos muitos grupos com grandes
talentos passando em branco sem nem se quer ter uma chance de serem vistos.
Existem muitos grupos bons, muitos dançarinos bons que só precisam de
uma chance para mostrar o potencial que tem e poder levar o nome da cidade pelo
Brasil a fora.
Mas isso nunca vai acontecer em quanto o poder olhar apenas um lugar.
Isso é o que eu tenho a dizer.
Dançarinos de SV:Pode nos contar sobre fatos curiosos e que te marcaram durante
estes anos dentro da dança?
Leonam: Bom eu quando comecei a dançar, comecei direto no Breaking (B. Boy) e
durante 4 anos eu treinava somente isso. Eu sempre disse pra mim mesmo que seria
B. Boy até a morte que jamais deixaria de treinar ou mudaria pra outro estilo.
O Grupo A3 Hip-Hop está no estilo L.A há um ano em media, e eu quase um
ano sem treinar break, hoje em dia se eu tento fazer algum movimento de muito
impacto, no caso os movimentos do breaking eu já sinto uma dificuldade enorme
por estar a praticamente um ano sem saber o que é treinar breaking e treinando
somente o L.A.
Detalhe: Eu odiava o L.A.
Dançarinos de SV: Você sempre encontrou apoio para se dedicar a sua arte, ou teve que
enfrentar preconceitos?
Leonam: Preconceitos mesmo eu nunca enfrentei por conta disso, apenas amigos
que se afastaram por eu já não fazer as mesmas coisas que eles.
Por parte da minha família sempre tive o apoio, claro que não 100 por
cento no começo mas tive sim, hoje em dia é apoio total.
Dançarinos de SV:Eu gostaria que você falasse um pouco sobre os integrantes do A3
Hip-Hop e deixasse uma mensagem para eles:
Leonam: Bom posso dizer que são os
melhores companheiros de grupo que alguém poderia ter, além do grupo somos
todos muito amigos e sei que posso contar com cada um deles, sabem brincar e
serem profissionais no trabalho do grupo.
Uma mensagem – Gente, obrigado a todos pelo trabalho que cada um de
vocês vem realizando dentro do grupo sou grato a todos por isso, continuem
todos assim trabalhando com seriedade e sempre pensando adiante pois eu sei que
um dia seremos valorizados pelo trabalho que fazemos e vamos crescer com isso.
E obrigado por me aturarem esses quase 4 anos de grupo sendo o líder (risos)
Todos os momentos vivenciados devem servir de referência para a construção do futuro. Leonam Lins nos passou uma mensagem sobre companheirismo, dedicação e amizade. Podemos esperar muitas novidades do A3 Hip-Hop que estão conquistando admiradores de sua arte e abrindo espaço para novas possibilidades através da dança. Que os laços de união sejam fortalecidos a cada dia e que o reconhecimento seja alcançado na mesma proporção da dedicação aplicada por cada integrante deste grupo.
Para ficar por dentro do que acontece com o A3 HIP-HOP, curtam a pagina do grupo no Facebook, ou acessem o Canal no You Tube.
REVISTA AFRO BAHIA: CULTURA: Capoeira No ano de 1930 a história da capoeira do Brasil começa a ser desvinculdada da marginalidade. Numa atitude pioneira mest...
DOUGLAS REBELO (DIRETOR E COREÓGRAFO DA CIA. FATOR DANÇA DE RUA) NO WORKSHOP "THEMATIC STREET DANCE" E COMPONDO A MESA DE JURADOS. 14 FESTIVAL DE DANÇAS DE CATANDUVA
Irapuan Ruas - "O BICHO PEGÔ" UMA HISTÓRIA DE SUCESSO
É difícil encontrar alguém em São Vicente e na Baixada Santista que não tenha ouvido falar neste grupo "O Bicho Pegô". Com um trabalho pioneiro e ousado, abriu caminho para muitos outros grupos na cidade. Com sua marca registrada, O Bicho Pegô atrai uma multidão por onde passa.
Com 15 anos de estrada já marcou seu nome no Carnaval e em todas as manifestações de folia da região. Irapuan Ruas é o grande idealizador deste projeto, que desde o inicio preocupou-se em levar alegria, interação e saúde ao público. Ele nos conta nesta matéria sobre o inicio deste projeto e alguns dos pontos relevantes na sua carreira. Sua atuação na cidade é marcada pelo seu profissionalismo, de seus professores e dançarinos. Irapuan fala um pouco das dificuldades impostas pelo preconceito que foram sendo vencidas com o resultado de um trabalho feito com amor e muita dedicação. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta personalidade de São Vicente e seu Grupo "O BICHO PEGÔ"
Dançarinos de SV:Há quanto tempo existe O Bicho Pegô?
Irapuan Ruas: O
Bicho Pegô existe desde 1997, quando montamos um pequeno grupo de 6 dançarinos
em busca de um sonho, o sonho em ser famoso na cidade onde amamos, São Vicente.
A lambada tinha acabado de estar em seu auge e entrou o refresco da lambada,
a Lambaeróbica, como diziam os nativos de Porto seguro. Eu tinha que
trazer isto para São Vicente, foi minha missão.
Dançarinos de SV:Como surgiu a ideia de criar este trabalho e por que você escolheu este nome?
Irapuan Ruas: Surgiu da necessidade em
alegrar o Carnaval vicentino através da dança em 1996, pois muitas bandas
necessitavam de belos dançarinos com corpos esculpidos e que chamassem a atenção,
e nós tínhamos este perfil. O que não sabiam é que iria surgir a partir dali um
grupo de dança animativa e renomado com força de banda na região. Eu via
muito um rapaz animar a turma, era o Marcelo Ricky e me espelhei nisso, criei
minha forma de animar dançando. Era época do É O TCHAN, TERRA SAMBA,
IVETE SANGALO ainda era banda EVA e muitas outras bandas que faziam a cabeça e
a alegria do povo, nem grupo formado tínhamos. Precisávamos criar um nome, um
nome que pegasse na cabeça das pessoas, lembrei-me que éramos vistos como
dançarinos da BAHIA com "H". Me deu um estalo e disse: _ somos a
partir de agora o grupo da BAÌA, COM "I", de São Vicente por que
O BICHO PEGÔ meu rei! Sendo assim saiu este nome e decidimos batizá-lo.
Dançarinos de SV:Conte-nos um pouco sobre os primeiros trabalhos com o grupo e sobre as
principais dificuldades que você enfrentou no início?
Irapuan Ruas: No início de 1995, sendo professor de
educação física, eu dava aulas de hidroginástica no Tumiarú e usava as danças
que embalavam Porto seguro para animar minha turma. Tive problemas familiares,
onde meu pai começou a adoecer e precisei acompanhá-lo sempre ao hospital, pois
tinha ele como um ídolo. Devido a varias ausências nas minhas aulas decidiram
me dispensar em comum acordo para poder cuidar de meu pai. A partir dali vieram
vários problemas e não consegui me levantar mais na área aquativa. Em uma das
recuperações de meu pai, desempregado, comecei a elaborar e montar
coreografias e fiz novamente propostas ao clube onde amava estar. Comecei a dar
aulas de lambaeróbica, era uma febre tinha cerca de 150 alunos em um horário, a
sala de aula no inverno era tão quente que pingávamos... (rsrs). Decidi montar
em 1996 o Grupo vicentino de lambaeróbica do Tumiarú, foi sucesso, levava todas
as alunas selecionadas para se apresentarem em todos os locais até no famoso
programa vicentino Ilha Porchat na TV... (rsrs). Comecei a multiplicar meu
trabalho, a dar aulas em todas as academias de São Vicente, lembro-me que aos
sábados as aulas eram de R$ 1,00 e bombavam desde as 10 da manhã ate às 20 h. Saia
de uma e ia para outra, era loucura. A partir dai, decidi que necessitaria
montar um trabalho mais selecionado, pois as empresas, casas noturnas me
cobravam muito. Foi ai que montamos O BICHO PEGÔ, me lembro até hoje o
primeiro show no Itararé da banda BEIJO e JOTA QUEST que estava iniciando (rsrsrs). Loucura, febre total. Criamos a partir dali uma multidão de fãs que nos
perseguem até hoje.
As
maiores dificuldades que tínhamos no início era o preconceito, pois Homem
nenhum poderia dançar porque era visto como Homossexual e a falta de pessoas
que investissem nessa cultura, pois como eu fui o pioneiro e precursor, tive
que batalhar muito para pessoas começarem a perceber que dançar, é bom pra alma
e a dança faz bem ao corpo.
Dançarinos de SV:Fale um pouco sobre a sua formação e como isso ajudou na estruturação deste
projeto?
Irapuan Ruas: Hoje
sou professor universitário com cadeira nas disciplinas em Marketing na
faculdade de Administração de Itanhaém - UNIDEZ, pós-graduado em Administração
e Marketing Esportivo, formado em Educação Física e dança, e empresário no ramo
de eventos.
Devido
a esta formação, porque estudar faz crescer e enobrece a pessoa com atitudes
positivas, tive a honra que participar e elaborar vários projetos para rádios
da baixada e de São Paulo com a modalidade lambaeróbica, pois a mesma é vista
como além do dançarino se expressar, fazer as pessoas dançarem ao som
envolvente do ritmo baiano. Criamos um projeto, elaborado e lapidado por mim,
com um grupo de professores junto à prefeitura municipal de São Vicente e
nisto passaram entre nós cerca de 10 mil alunos.
Dançarinos de SV: Por
falar em projeto, você tem um trabalho social aqui na região. Como está o
andamento deste projeto e quais são as novidades?
Irapuan Ruas: Para expandir nosso conceito e imagem da dança motivado pelo O
BICHO PEGÔ para a COMUNIDADE, decidimos criar projetos sociais nos bairros de
São Vicente, que se expandiu por toda região da baixada santista. Como somos um
grupo com formação acadêmica e formadores de opinião, realizamos frequentemente
workshop entre nossa cúpula de mestres para realizar o sonho das crianças, do
adolescentes, do adultos e até da melhor idade em dançar e ser motivada pelo
conceito majestoso da dança, sempre fazendo o bem sem olhar a quem.
Dançarinos de SV:Quais foram as participações mais emocionantes do Bicho Pegô para você? Por
quê?
Irapuan Ruas: Cada
apresentação é triunfante, a cada entrada o coração dispara mais e mais e dependendo
do publico que ali está, ou ate do artista ou local onde nos apresentamos a
emoção fica a flor da pele. Foram varias, aberturas de shows onde nenhum grupo
de dança paulista tinha pisado em palco antes destes artistas, Ivete Sangalo,
Chiclete com Banana, Claudia leite e muitos outros. O Por quê ? Quando sonhamos
com algo e isto se realiza, o desejo e a satisfação de dever cumprido vêm à
tona, é muito bacana isso.
Dançarinos de SV: Durante todos estes anos o Axé sofreu várias modificações. Qual é o segredo
para se manter atualizado sem perder as características conquistadas e que
identificam o seu trabalho?
Irapuan Ruas: O axé sofreu muitas e muitas modificações., falamos em axé como a
forma afro de se expressar com harmonia, mas se divide na musicalidade em
vários ritmos: Micareta, samba duro, swingueira, pagodão baiano, pagofunk,
lambaneja e outros. O que caracteriza o professor é a arte de ensinar dançando
e o que caracteriza o dançarino é a forma de se expressar com habilidades
e movimentações que só vemos nessa cultura. O que nos fez famoso foi a arte de
ensinar pois muita gente gosta de aprender e não ver.O segredo? Ah... Não posso
contar, quer que meus concorrentes leiam isso? (rsrsrrs). Não tem segredo, TUDO
QUE SE FAZ COM AMOR E DEDICAÇÂO DÁ CERTO.
Dançarinos de SV:Muitos grupos surgiram na cidade de São Vicente depois do Bicho Pegô. E depois
de tantos anos desenvolvendo este trabalho, como você vê a modalidade aqui na
cidade atualmente?
Irapuan Ruas: Surgiram grupos ,pois houve intencionalmente de minha parte, a
criação de concorrencia, abri espaço nas apresentações a alunos que
queriam montar grupos e a partir daí gerou a concorrencia que nos favoreceu,.,
outros grupos excelentes surgiram através da dança de rua, e se moldaram a
lambaeróbica. Devido ao pioneirismo e formação e entendimento educacional e
administrativo, O BICHO PEGÔ se fortaleceu e merece os méritos por sobreviver,
e bem, a muitas batalhas. Eu vejo a modalidade cada vez mais em regressão, não
era como antigamente, hoje somos o único grupo de lambaeróbica que ensina
professores a dar aula com sistema educacional e respeitando os limites do ser
humano e enquanto tivermos isso e eu puder ter forças para ensinar e discipular
conseguiremos manter a VERDADEIRA LAMBAEROBICA, a arte de ensinar dançando. Os
grupos tomaram uma postura radical e apelativa devido a algumas letras de
musicas e não educacional, onde só demonstram habilidades nas
coreografias tendo somente o prazer de dançar e não de interatividade. Fico de
longe às vezes observando, mas está se acabando este processo , os próprios
grupos estão na zona de conforto e não observam que para crescer e necessário
ensinar á ensinar.
Dançarinos de SV:A
dança é pouco valorizada no país. Mesmo numa cidade de turismo como São Vicente
poucos profissionais da área são absorvidos. Você que sempre lutou pela
valorização da dança tem algum projeto para incentivar esse reconhecimento?
Irapuan Ruas: Sim
claro. Lutamos por um ideal, a dança seja ela de todas as formas e culturas.
Aqui em São Vicente há excelentes profissionais nesta área , mas não há campo
para a sobrevivência, e também não há políticas públicas que favorecem ao bem
estar de quem esta fazendo e de quem ensina, é muito pouco o investimento. Se
tenho projetos? Sim tenho, mas fazem parte de metas de um planejamento que irei
cumprir e terão inicio em um futuro próximo, não posso contar vai estragar a
surpresa... (rsrsrs).
Dançarinos de SV:Irapuan, na sua opinião qual o melhor caminho para a cidade absorver estes
profissionais da dança e, também, dos outros seguimentos artísticos?
Irapuan Ruas: O
melhor caminho é dar oportunidade a quem ama a dança e sabe que a dança faz
parte de seu ciclo de vida. Nós como artistas, buscamos longe nossos sonhos em
outras cidades, outros estados e até em outro país, mas o que se deve contar é
que não temos representantes políticos na área vicentina, poucos empresários
também que acreditam no negócio da dança, a falta de estrutura faz com que nós
busquemos em outro lugar nossa felicidade pessoal e profissional.
Dançarinos de SV:Qual a importância da família?
Irapuan Ruas: Família
e a base de tudo, é um instrumento de DEUS para a felicidade. A família tem um
papel importantíssimo na educação do ser humano, e nela que nos espelhamos, e
refletimos nossos sentimentos mais puros. A família na dança tem um poder
incrível, é a sustentação de um pilar importantíssimo chamado base de
construção, onde em uma queda, será sempre a primeira a aconselhar com exatidão
e conhecimento. Muitas vezes a família na dança tem o poder de sustentar e
motivar os sonhos.
Dançarinos de SV:Esta
pergunta visa esclarecer dúvidas dos novatos na sua modalidade. O que é preciso
fazer para se profissionalizar no Axé?
Irapuan Ruas: Não
existe receita de bolo, ser um profissional e ter dedicação, gostar do que faz
e fazer com muito carinho. As oportunidades passam em sua frente e ter atitude
para agarrá-las é primordial.
Dançarinos de SV:O
Bicho Pegô atrai muitos foliões no Carnaval da cidade. Qual a sensação de estar
à frente desta manifestação tão brasileira?
Irapuan Ruas: Além
disso, também temos um bloco carnavalesco na cidade que em 10 anos juntou 80
mil pessoas, segundo estatística da policia militar no Carnaval de rua
2012. Somos o segundo maior bloco do estado de São Paulo, somente perdemos para
o Bloco das Baianas que ha 70 anos anima a cidade e têm 110 mil foliões. O
que mais nos deixa felizes é que em 10 anos pudemos ter a certeza do quanto
somos tão queridos pela população, e participar desta manifestação popular nos
faz verdadeiros cidadãos e comprometidos com o futuro da cidade.
Dançarinos de SV:Irapuan, quais são as suas metas para o futuro?
Irapuan Ruas: Minhas
metas? É complicado perguntar e deixar aqui expresso isto, todos vão saber
quais os ingredientes da Coca Cola (rsrsrsrs).
Vou
relatar aqui uma delas e a mais importante: Lutar e se dedicar para
fazer com que as pessoas ensinem com amor.
Dançarinos de SV:Qual a mensagem que você quer deixar para os seus admiradores?
Irapuan Ruas: Aos
meus admiradores e futuros fãs de nosso trabalho uma mensagem simples:
"
Fazer o bem, sem olhar á quem "
Grande
abraço a todos e contem comigo!
Depois de uma mensagem positiva como esta, só podemos desejar muito sucesso para todos os envolvidos neste trabalho e agradecer todos os momentos de alegria proporcionados por este grupo. Em particular, desejar ao companheiro de profissão Irapuan Ruas que alcance suas metas e continue seu belo trabalho por muitos anos. Ficaremos aqui na torcida pelo fortalecimento da dança na região e aguardando as novidades.
Com realização da Prefeitura Municipal de São Vicente, por meio da Secretaria de Assistência Social,
Fundo Social de Solidariedade, com apoio das secretarias de Cultura, Turismo, Educação, Segurança
alimentar, Imprensa e Comunicação Social, além do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o evento acontecerá nos 20 e 21 de NOVEMBRO de 2012, no Complexo de
Eventos e Convenções Costa da Mata Atlântica, em São Vicente - SP.
Poderão inscrever-se para seleção, candidatos engajados em projetos de cunho social, organizados em Ongs, Oscips, entidades filantrópicas, associações de bairros, rede pública etc.
As inscrições para a seleção dos grupos participantes encerram-se no dia 08 de OUTUBRO de 2012.
Maiores informações no site da Prefeitura Municipal de São Vicente: