Leonam Lins - DAS RODAS DE BREAK PARA A LIDERANÇA DO A3 HIP-HOP
Quando olhamos para o passado e vemos quantas transformações aconteceram em nossas vidas, podemos deduzir que cada escolha que fizemos fez diferença para nos trazer a realidade, na qual vivemos atualmente.
Leonam Lins, um jovem que está construindo sua história com muita objetividade já possui muitos ingredientes para liderar o Grupo A3 Hip-Hop. Conta nesta matéria sobre a importância de se ter um objetivo definido e, ao mesmo tempo, a necessidade de buscar novas informações para o enriquecimento pessoal e coletivo.
Conhecer um pouco mais sobre a origem deste grupo através do olhar singular deste dançarino que expressa com carinho o respeito que tem por cada integrante de sua equipe, me fez voltar ao início da minha própria história. Somos a somatória de tudo que vivemos e aprendemos. Leonam nos fala um pouco sobre isso, o aprendizado do passado servindo de alicerce para o futuro.
Agora, divido com você leitor essa história de amor a dança e do companheirismo deste grupo A3 Hip-Hop.
Dançarinos de SV: Leonam, por que você optou pelo hip-hop?
Leonam: Bom quando eu tive um interesse pela arte que é a dança, eu queria
algo que tivesse muitas acrobacias, saltos mortais e giros. Isso eu encontrei
no Breaking (B. Boy) que faz parte
da cultura Hip-Hop.
Leonam: Existe sim. Em uma escola que estudei próximo a casa onde morava tinha
um projeto chamado "Escola da Família". Nesse projeto eram engajados
vários tipos de atividades, entre elas a DANÇA. Um primo meu chamado Moisés
fazia parte da dança nessa escola e sempre me chamava para fazer aulas, mas eu
nunca tinha interesse, até que ele me disse que tinham movimentos semelhantes
aos da capoeira e que eu iria gostar muito, isso me despertou interesse e eu
fui ver como era. Ai então, me apaixonei pelo o que vi e quis começar a
praticar.
Dançarinos de SV: Como foi sua caminhada até chegar ao Grupo A3 Hip-Hop, quais foram ingredientes moldaram sua formação?
Leonam: Desde que eu comecei a pratica
da dança foi sempre junto de muitas pessoas. Nunca tive um professor que
estivesse sempre me dando conselhos, nisso eu pegava um pouco de informações
com cada B. Boy que estivesse treinando.
Com tudo isso, fui formando amizades, uns eu considerava realmente
amigos e outros apenas colegas de treino. Com o tempo tive certa aproximação
com aqueles que eu já considerava como amigos, e nisso fomos formando meio que
um ciclo fechado ali no treino mesmo.
Certo dia o Sílvio Orlando arranjou uma apresentação no Colégio Armando
Victório Bei e nisso chamou aqueles amigos de treino mais próximos para fazer
essa apresentação. A gente não tinha coreografia nem nada, apresentaria apenas
solos de cada um mesmo.
Depois dessa apresentação estavam todos conversando na calçada dessa
escola e surgiu a ideia de montar um grupo, de imediato todos presentes
aceitaram a ideia. Nisso estavam todos empolgados com a ideia de um grupo até
porque todos se davam bem e tinha uma boa harmonia entre nós.
O Grupo começou tinham em media uns 12 integrantes, no começo era tudo
"brincadeira" todos treinavam, mas poucos tinham o propósito de
crescer em cima disso. Esses poucos que queriam levar o grupo adiante com
seriedade estavam sendo prejudicados pelos demais que só faziam da dança mais
uma diversão, um hobby, nisso o grupo foi se desfazendo aos poucos e restando
apenas aqueles que queriam seguir adiante com trabalho serio e dedicação.
De 12 integrantes passamos a ter 4, eu, Sílvio Orlando, Jéssica Tenório
e Anderson Arnaldo conhecido como “Cabelo”. Nessa época o grupo ainda estava na
vibe de treinar somente o Break Dance (B. Boy).
Com o tempo o grupo foi se reerguendo e novos integrantes foram formando
com o grupo. Entrou o Allan Trindad, Wedres Jesus e a Flávia Fernandes que já
estão a um tempo nessa família e com tudo isso, fomos abrindo nossa mente para
outros estilos de dança, o que de fato nos ajudou muito, tanto que hoje em dia
somos o que somos por ter aberto nossas mentes para novos estilos.
Agora os ingredientes que moldaram nossa formação; acho que a amizade de
que temos além do grupo, a democracia que existe no grupo, por mais que eu seja
o líder do grupo nunca tomo nenhuma decisão sem antes falar com o grupo, o companheirismo
de todos que eu acho essencial e o fato de nunca termos desistido, mesmo
passando por tantos problemas.
Dançarinos de SV: Você está num momento especial com seu grupo, mas foi difícil chegar neste nível de entrosamento, ou seja, vocês tiveram dificuldades no começo?
Leonam: Sim com certeza e ainda existem muitas dificuldades. A principio
tivemos problemas com espaço, ensaiamos por um tempo em praças e calçadas com
um som de pilha e quando não tinha som era na base da palma, integrantes deixando o grupo, começamos em 14
integrantes, chegou uma época em que estávamos em 3 ou 4, o grupo chegou a
quase acabar por não sairmos do lugar em questão de evolução.
Sou grato a Deus por cada dificuldade que passamos, pois sem elas não
seriamos o grupo que somos hoje.
Dançarinos de SV: Qual a principal mensagem que você procura passar com seu trabalho dentro da dança?
Leonam: Seja diferente, traga coisas novas e nunca se limite pois você pode
sempre ir mais além do que você imagina.
Leonam: Num tempo em que o grupo estava sem sala para treinar, na época em que
ensaiávamos nas calçadas e praças. Estávamos atrás de um local de treino, vimos
salas da prefeitura, salas para alugar, mas nada se resolvia.
Até que um dia um amigo que treinava junto do grupo falou sobre uma ONG
localizada no Bairro do Catiapoã e então fomos ver sobre o local, chegamos lá e
eu fui falar diretamente com o diretor da ONG o Milton Vieira, e ele disse que
teria um espaço na ONG no qual o grupo poderia ensaiar e ainda nos propôs
escolhermos os dias para isso, depois desse dia nunca mais saímos de lá, e lá
estamos desde 2009.
Dançarinos de SV: Leonam, você tem uma rotina de ensaios, tem família, trabalho e sua vida pessoal e profissional não interferem no desenvolvimento do seu trabalho com o A3? Dá para conciliar tudo?
Leonam: Bom nem sempre deu para conciliar todas as partes, mas hoje em dia meu
trabalho, família e vida pessoal não interferem em nada. O que vir a interferir
vai ser retirado da minha vida (risos)
Dançarinos de SV: Você é mais extrovertido ou calado? Sente alguma diferença na sua personalidade quando está se apresentando para seu público?
Leonam: Posso dizer que sou um pouco dos dois, eu quando chego num ambiente
fora do meu ciclo de amizade sou um cara mais calado, mas quando eu me acostumo
com as pessoas costumo ser um cara bem extrovertido.
Bom eu quando estou me
apresentando acho que me transformo em outra pessoa, viro um ator, assim podemos
dizer.
Dançarinos de SV: Quais foram os principais benefícios que você sentiu da dança na sua construção como pessoa?
Leonam: Benefícios, pode parecer exagero da minha parte mas posso dizer que
minha vida mudou completamente depois da dança, eu viajei bastante, conheci
lugares, culturas e muitas pessoas diferentes, me tornei uma pessoa mais alegre
comigo mesmo e com as pessoas ao meu redor e sou mais de bem com a vida se
assim posso dizer (risos)
Dançarinos de SV: Sua opinião sobre a dança aqui na cidade de São Vicente, como você vê sua arte aqui na cidade (falando de reconhecimento)?
Leonam: A dança está sendo cada vez mais visada, não só aqui na cidade como no
Brasil e no mundo. Mas em questão da cidade eu acho que todos deveriam ter um
reconhecimento pela sua dança independente de qual estilo for. Mas nunca que
isso vai acontecer se apenas um lugar por parte da prefeitura levar sempre
todos os benefícios e reconhecimentos, pois temos muitos grupos com grandes
talentos passando em branco sem nem se quer ter uma chance de serem vistos.
Existem muitos grupos bons, muitos dançarinos bons que só precisam de
uma chance para mostrar o potencial que tem e poder levar o nome da cidade pelo
Brasil a fora.
Mas isso nunca vai acontecer em quanto o poder olhar apenas um lugar.
Isso é o que eu tenho a dizer.
Dançarinos de SV: Pode nos contar sobre fatos curiosos e que te marcaram durante estes anos dentro da dança?
Leonam: Bom eu quando comecei a dançar, comecei direto no Breaking (B. Boy) e
durante 4 anos eu treinava somente isso. Eu sempre disse pra mim mesmo que seria
B. Boy até a morte que jamais deixaria de treinar ou mudaria pra outro estilo.
O Grupo A3 Hip-Hop está no estilo L.A há um ano em media, e eu quase um
ano sem treinar break, hoje em dia se eu tento fazer algum movimento de muito
impacto, no caso os movimentos do breaking eu já sinto uma dificuldade enorme
por estar a praticamente um ano sem saber o que é treinar breaking e treinando
somente o L.A.
Detalhe: Eu odiava o L.A.
Dançarinos de SV: Você sempre encontrou apoio para se dedicar a sua arte, ou teve que enfrentar preconceitos?
Leonam: Preconceitos mesmo eu nunca enfrentei por conta disso, apenas amigos
que se afastaram por eu já não fazer as mesmas coisas que eles.
Por parte da minha família sempre tive o apoio, claro que não 100 por
cento no começo mas tive sim, hoje em dia é apoio total.
Dançarinos de SV: Eu gostaria que você falasse um pouco sobre os integrantes do A3 Hip-Hop e deixasse uma mensagem para eles:
Leonam: Bom posso dizer que são os
melhores companheiros de grupo que alguém poderia ter, além do grupo somos
todos muito amigos e sei que posso contar com cada um deles, sabem brincar e
serem profissionais no trabalho do grupo.
Uma mensagem – Gente, obrigado a todos pelo trabalho que cada um de
vocês vem realizando dentro do grupo sou grato a todos por isso, continuem
todos assim trabalhando com seriedade e sempre pensando adiante pois eu sei que
um dia seremos valorizados pelo trabalho que fazemos e vamos crescer com isso.
E obrigado por me aturarem esses quase 4 anos de grupo sendo o líder (risos)
Todos os momentos vivenciados devem servir de referência para a construção do futuro. Leonam Lins nos passou uma mensagem sobre companheirismo, dedicação e amizade. Podemos esperar muitas novidades do A3 Hip-Hop que estão conquistando admiradores de sua arte e abrindo espaço para novas possibilidades através da dança.
Que os laços de união sejam fortalecidos a cada dia e que o reconhecimento seja alcançado na mesma proporção da dedicação aplicada por cada integrante deste grupo.
Para ficar por dentro do que acontece com o A3 HIP-HOP, curtam a pagina do grupo no Facebook, ou acessem o Canal no You Tube.
Um comentário:
Muito bom! Parabéns Alabá, pela iniciativa do blog. E parabéns Leonam pela bela entrevista e a bela mensagem.
É isso ai respeito e união sempre.
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